furtada sobre o telhado. Era este de tal modo agudo e afunilado, que a cumeeira entrava no outão do sobrado quase pela altura das biqueiras do telhado.
Na rótula da casa estava cosendo uma mulher que, mal avistou o hábito do frade, debruçou-se ao parapeito para lhe pedir a sua bênção se passasse rente, e acompanhá-lo com os olhos se tomasse oposta direção. A curiosidade feminil de que era objeto não escapou ao jesuíta, que examinando o sobrado, examinou também a casa térrea, e a moradora como acessório dela.
— A água-furtada toca justamente com a recâmera pela parede a que está encostada a arca dos papéis, pensava o P. Molina sorrindo. Jus est potior – direito é força.
O frade tornou a atravessar a rua, e entrou na casa térrea pela porta de rótula, que foi abrindo-se diante dele, como por encanto; era o encanto do olhar imperativo que atravessara as grades e estremecera a devota. Um quarto de hora bastou ao hábil operário para amolecer aquela cera e fazer dela uma figura a seu jeito.
— Mulher, não me viste dali defronte olhando esta casa?... Passando meu caminho, ordenou o