perverso intento com a fidelidade provada e a extrema afeição que sempre reconhecera no escravo.
Mandara a senhora que Brásia chamasse o negro. Este, apresentando-se à porta, evocou o pensamento de Dulce a seu projeto de interrogá-lo. Não era talvez muito prudente que uma frágil senhora se expusesse assim à brutalidade do escravo, receoso de severo castigo; mas ela estava tão habituada a subjugar, sob a sua palavra maviosa e gesto meigo, essa animalidade, que nem um instante hesitou:
— Lucas, tu és um mau escravo!
— Por que senhora diz isto?
— Fui sempre boa para ti; enquanto que tu, ingrato, te ajustaste com gente má, como tua raça, para roubar tua senhora.
— É mentira de quem disse!
— Negas? Não foste tu que convidaste os ladrões para minarem o chão de minha casa?... Que rumor é este? Talvez vieste agora mesmo de ajudá-los!...
O negro achatou-se fulminado.
— Senhora, Lucas disse onde estava o dinheiro