Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/128

Wikisource, a biblioteca livre

— Então na sinceridade de vossa alma me perdoastes?

— Se a ele perdoei!...

— Sois um santo, senhor! Deus vós abençoará em vosso sacrifício.

Retirou-se D. Fernando embuçado como viera. Vaz Caminha mandou logo sem mais detença chamar à casa a alfeloeira. Era aquele um encargo que lhe pesava demasiado e carecia de desempenhá-lo imediatamente.

Joaninha chegou sempre esperta e feiticeira, apesar das saudades que curtia com a ausência de Gil. Ouvindo de Vaz Caminha que estava rica de repente e possuidora de avultada fazenda, ela ergueu os ombros com desdém:

— E de que me serve isto agora? perguntou ao advogado, surpreso de seu desinteresse.

No fundo d'alma murmurou:

— Se com esses haveres pudesse eu comprar mais três anos por cima da idade de Gil, para que soubesse ele o que é amor!...

— Rapariga, disse-lhe Vaz Caminha, a vossa pergunta é de ânimo desinteressado, mas ignorante. Quando Deus confia de nós uma porção de fazenda, não é para que a usemos só em nosso