Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/62

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pela revolução que se operara em sua alma. Os dois amigos consumiram o tempo em conversar; mas coisa singular, nenhum deles tocara ainda naquilo que mais os interessava. Nem Estácio falara de Inesita, nem Cristóvão de Elvira.

Entretanto João Fogaça comia, e Antão bebia; cada um deles tinha sua especialidade. O capitão de mato desafiava a indigestão com o mesmo denodo com que o seu ajudante desafiava a embriaguez.

Era tarde da noite quando Estácio recolheu-se. O incansável mancebo não foi porém direito à casa; só por volta da madrugada bateu ele à porta onde o esperava Gil, dormindo a sono solto. Então pôde repousar algumas horas; quando despertou com a primeira claridade do dia, a velhinha D. Mência, advertida de sua chegada, correu a deitar-lhe a bênção.

À hora emprazada apresentou-se o novo alferes em palácio e entregou a D. Diogo de Menezes a missiva dos judeus. O governador apressou-se em tomar conhecimento desse papel cuja importância avaliava:

— Ide, Estácio, careceis de trajar-vos conforme