— Como é o papel? disse Olho.
— Que cheiro tem? perguntou Faro.
— Que som dá? interrogou Ouvido.
O P. Molina começou a explicar a forma do roteiro a Olho; mas a cada palavra o índio abanava a cabeça respondendo:
— Eu não vejo!...
Afinal o visitador compreendeu que o único meio de penetrar naquela inteligência era fazer-lhe entender pelos olhos; arranjou um folheto idêntico ao do roteiro que já tivera em suas mãos, e mostrou-o ao índio. Este o tomou, examinando em todos os sentidos, de face, de lado, de quina, até que pareceu ter gravado aquela forma em sua memória. Então Ouvido tomou-o por sua vez e amarrotando-o, escutou o som produzido pelo caderno com uma atenção profunda; depois deixou o papel cair no chão para ouvir a pancada e mostrou-se satisfeito.
— Tem o mesmo cheiro? perguntou Faro.
O P. Molina hesitou na resposta:
— Deve ter cheiro de paroba, porque estava guardado em uma arca dessa madeira! disse ele inspirado por uma repentina recordação.