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O PÓ DE PIRLIMPIMPIM

Penninha para nos levarem a todos os paizes do Mundo das Maravilhas, mamãe manda me chamar...

Mas que remedio? Quem mandava nelle era dona Antonica. Teve de arrumar a bagagem para seguir no dia seguinte.

No dia seguinte o cavallo pangaré foi arreado bem cedo. Pedrinho tomou o seu café com leite com bolinhos de tia Nastacia e montou.

— Adeus, vovó! exclamou elle antes de dar no cavallo a primeira lambada. Adeus, Narizinho! Adeus, tia Nastacia! Adeus, Emilia! Adeus, Fazdeconta!...

— Adeus! adeus! exclamaram todos com olhos humidos.

Lept!... Uma lambada só — de leve, e o cavallinho partiu...

Antes, porém, que chegasse á porteira, Emilia gritou-lhe que parasse.

Você esqueceu de despedir-se do visconde, Pedrinho! Elle tambem é gente...

O menino soffreou as redeas.

— Que idéa! Pois o visconde não morreu hontem, Emilia?

— Morreu, mas não acabou ainda! replicou a boneca correndo na direcção delle com os restos do visconde na mão. Despeça-se deste tôco, que é bem capaz de virar gente outra vez. Já escutei: a alma delle está vivinha lá dentro...

Pedrinho riu-se e, para não descontentar a boneca, tomou-lhe das mãos o tôco de sabugo e fingiu que lhe dava um beijo. Em seguida deu outra lambada no cavallinho — desta vez com bastante força, e partiu no galope. Não queria que a boneca visse duas lagrimas indiscretas que já iam pingando dos seus olhos...