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Página:As asas de um anjo.djvu/11

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policial, escuso defender-me depois do artigo que publiquei no Diário do Rio, e que servirá de prólogo ao livro impresso, como serviu de protesto ao drama retirado da cena.

A crítica sensata e judiciosa, já expressa no jornalismo pelo Sr. Dr. F. Otaviano, já discutida em conversa por companheiros de letras, pronunciou-se contra o epílogo. Um pensa que terminada a ação naturalmente no 4.° ato, tudo, quanto siga-se, é estranho ao drama. Outros entendem que a regeneração surde imprevista, e consuma-se rápida, deixando por isso de calar no espírito do espectador, fortemente impressionado pelas cenas anteriores.

Não contestarei essa opinião, a que aliás o público por algum daqueles motivos, parece ter dado razão. Direi somente que sem o epílogo o pensamento da minha comédia ficaria incompleto; ela seria apenas uma nova encarnação do velho tipo de Manon Lescaut: encarnação brasileira, é verdade; mas por isso mesmo desbotada e macilenta, porque a vida exterior da nossa corte não podia emprestar-lhe as cores e o brilho das grandes cidades europeias.

O livro nasce do espírito, como a planta brota da terra: simples borbulha a princípio, pulula, gemina, abrolha as folhas, esgalha, copa-se e floresce por fim. Se o cultor da planta, vai-lhe mondando os ramos enfezados, esladroando-lhe os renovos que podem minguar