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Página:As asas de um anjo.djvu/112

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LUÍS – Para isso porém é preciso encontrá-la só um instante; soube que costuma vir à casa desta mulher que a perdeu e de quem é amiga. Araújo disse-me que o senhor a conhecia; e fomos imediatamente procurá-lo. Eis o verdadeiro motivo do incômodo que lhe demos; o Sr. Meneses é homem para o compreender e apreciar.

MENESES – Não se enganou, Sr. Viana; farei o que me for possível.

LUÍS – Muito obrigado.

MENESES – Não tem de quê; é um dever de todo o homem honesto proteger e defender a virtude que vacila e vai sucumbir, ou mesmo ajudá-la a reabilitar-se. Mas devo corresponder à sua franqueza com igual franqueza. Creio que o senhor, e tu mesmo, Araújo, não conhecem bem o terreno em que pisam atualmente?

LUÍS – Não decerto.

ARAÚJO – Quanto a mim estou em país estrangeiro.

MENESES – Pois é preciso estudar o movimento e a órbita desses astros errantes para acompanhá-los na sua rotação. Aqui não se conhece nem um desses objetos como a honra, o amor, a justiça, a religião, que fazem tanto barulho lá fora. Neste mundo à parte só há um poder, uma lei, um sentimento, uma religião; é o dinheiro. Tudo se compra e tudo se vende; tudo tem um preço.

LUÍS – Que miséria, meu Deus!