vendo todos os dias uma dessas criaturas órfãs de pais, de filhos, de família, de parentes e afeições, como uma flor desbotada que a mão de um indiferente arrancou da sua haste e atirou ao pó; não compreende o mistério dessa vida isolada, dessa deserdação da sociedade?
Se pois o mundo nos desvenda o vício a todo o momento, por que razão o teatro, que é uma escola, não o arrastaria sobre a cena cobrindo-o com o ridículo, esmagando-o com o desprezo, para corrigi-lo, e mostrar no meio do tripúdio o anjo da virtude, sempre belo, sempre nobre, ainda mesmo no arrependimento?
Era um contrassenso; e a literatura moderna não podia cometê-lo; o teatro estrangeiro iniciou esta escola, que tem sido aceita na cena brasileira; já falamos dos dramas que todos os dias se representam com o consentimento da polícia, com a permissão do Conservatório, e com os aplausos do público.
Victor Hugo poetizou a perdição na sua Marion Delorme; A. Dumas Filho enobreceu-a na Dama das Camélias; eu moralizei-a nas Asas de Um Anjo; o amor, que é a poesia de Marion, e a regeneração de Margarida, é o martírio de Carolina; eis a única diferença, não falando do que diz respeito à arte, que existe entre aqueles três tipos.
Mas se a imoralidade