final do 4.° ato, quando Antônio, abraçando a menina, reconhece sua filha, que servem de pedra de escândalo e fazem arrepiar a mimosa pudica de certas almas escrupulosas.
Que há de imoral na primeira das duas cenas? A sedução? Uma sedução de palavras, onde não aparece nenhuma carícia de amor, nenhum movimento desonesto? Constantemente não vemos representados iguais lances em que o adultério e a desonra triunfam da virtude vacilante?
Aqueles que me censuram por ter apresentado a linguagem brilhante do sedutor, prometendo o luxo e a riqueza, dourando a vergonha, não compreendem que essas palavras são uma das mais úteis lições do meu livro; porque no 1.º ato a moça seduzida, que seu amante pretende desposar, parodia aquelas frases ardentes. O veneno que ele lançara nessa alma outrora pura começa a distilar, e a primeira gota cai no seu próprio seio. Se eu não descrevesse a sedução como ela se faz, Luís não falaria à sua prima a linguagem da razão, e não faria essa espécie de profecia que o desenlace da ação deve realizar; do mesmo modo Carolina não confessaria no 4.º ato como essas palavras de seu primo, apesar do seu desvario, tinham ficado gravadas na sua memória, e a pungiam.
Parece-me que isto é mais moral do que se eu