Estavão na sala a senhora Ignez, e suas duas filhas que alegremente festejavão os presentes de doces e fructas que lhes trouxera o velho antigo de seu pai, e especialmente a bella afilhada que recebera além do mais uma linda boneca não cabia em si de contente.
— Imprudencias loucas, Antonio! não nos governão bem; mas a falta de respeito ao governo é peior: dissera Jeronymo.
Antonio Pires olhou em torno da sala, e não vendo senão o amigo, a comadre e as meninas, respondeu, fazendo com o braço um movimento:
— Leve o demo o governo que desgoverna, Jeronymo!
— Compadre! disse a senhora Ignez.
— Arrancão-nos dinheiro e propriedade, prendem nossos caixeiros e nossos escravos, desenfreão e protegem a devassidão...... pois em tal caso venha ao menos a vingança do pasquim!
— Antonio, tu és um velho creança: vamos jogar o gamão.
— Cala-te ahi que pensas como eu penso, e como pensão todos os homens de sizo e de honra.