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moso exame; era o caixeiro mandrião, e já perdido pela desmoralisação, pela incontinencia da palavra e pela convivência com os vadios e os escravos. Á porta da venda via-se em pé a olhar a estrada um homem de meia idade, cabelludo, amarello, em mangas de camisa com o collarinho desabotoado, o peito á mostra, e calçando grandes tamancos: era o vendelhão.

Em uma extremidade do balcão sentava-se um homem avelhentado, tendo as pernas pendidas, os pés descalços, os vestidos remendados, um velho chapéo de palha na cabeça, e ao peito uma viola, em que tocava de continuo as musicas rudes dos fados. Na outra extremidade do balcão quatro sujeitos moços quasi todos, um ainda imberbe, todos quatro mais ou menos miseravelmente vestidos jogavam o pacao, rixando a todo momento, e não se poupando accusações de furtos e de fraude no jogo.

Um ultimo freguez emfim, figura sinistra, te"ndo olhos de tigre, boca, por assim dizer, sem lábios, e com immensa barba mal cuidada, parecia dormir estendido em um banco, de páo defronte do balcão

De espaço em espaço a aguardente inspirava o tocador de viola e animava os jogadores.