julgar os vossos vassalos? Mas poderão ser sábios, ambiciosos, e mal intencionados, (disse Anfiarau). Se forem apaixonados (lhe respondi) em arruinar os inimigos, ou favorecer os amigos contra justiça, será conjuração de maus, e não confederação de bons, como devem ser; e se os erros nasceram da sua má intenção, só eles serão culpados; mas se errarem por ignorantes, ou dementes, não será só sua a culpa. Havendo muitos sábios, não se consentirão nas ocupações os que forem mal intencionados, o que se não pode executar, quando faltam, ou são poucos, porque é necessário sofrê-los à custa do povo, pois há ocasiões, em que se fazem precisos; e como todas as leis humanas estão fundadas mais sobra a razão que sobre opiniões, muitas vezes mais acertará o rústico do campo, que alguns graduados nos estudos; pois há casos, em que mais se devem governar pelo que a verdade lhes ensina, que pelo que as leis determinam; para o que são precisas as circunstâncias, que vos hei ponderado, e que estas sejam regidas pelo temor dos justos Deuses, para que façam viva reflexão, em que só tem lugar o desobedecer ao Rei unicamente, para cumprir com a mais alta lei, e falar às leis, só por obedecer ao Rei, naquelas, que ele anima; e ainda que
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