Página:Aventuras de Diofanes.djvu/332

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não tiveram razão para negar, ou pedir, e assim pelo muito tempo degenera a carência de justiça em empenho do pundonor. A honra periga, porque os homens se costumam a sofrer que publicamente os trabalhos de falsários, ladrões, mentirosos etc. e se há alguma vez, em que tudo isto se diz com termos colorados, nem assim perdem tais palavras o amargo, que sempre devem os honrados sentir na calúnias, pois todos sabem qual é a valentia do conceito, e naquele prolongado tempo muitos perdem a sua esperança morrendo de cansados, e outros ganham as horrendas cavernas do Cocito.

Assim dizia Isicles com tão viva, quanto justa admiração. Poucos dias antes que se despedisse teve das Majestades um mimo especiosíssimo, e o fizeram condutor de outro, em que Arnesto enviava a Anteo um admirável vestido de armas, onde com o primor da arte estavam abertos ao buril os sucessos das suas peregrinações, a sua efígie, e de Hemirena, Diófanes, e Climinéia, os sacrifícios que celebraram em Tebas; e os carros de triunfo, que houveram em Delos, concluindo tudo no fúnebre espetáculo dos justiçados, para que se acabasse o escândalo, divulgando-se o horroroso efeito dos seus delitos; e também se viam as palmas, que se distribuíam