As muitas lágrimas, negando-lhes os termos, a obrigaram a retira-se, porque também não aumentassem a moléstia de Beraniza.
Passados alguns dias, acabou nos braços de Hemirena, que chegando-a estreitamente ao aflito peito, dizia com infinitas lágrimas: Quem será bastante a consolar-me neste mal, que todo é meu? Se tudo perco, quando tu me deixas, onde verei agradável a formosura, se no teu grato aspecto já não vejo mais que a pálida imagem da morte? Se haverá quem ponha a sua alegria em vida limitada? Se haverá quem deixe de conhecer os enganos de um Mundo inconstante, vendo que tão pouco dura a grandeza, o poder o soberano, e a formosura? Como é possível que à tua vista se possa dar preço a uma vida frágil? O Parca ingrata, como vivo eu, se acabou Beraniza? Ai de mim! Que estrela cruel é a que me segue, e me conduziu ao descanso, para me ser mais violento e desvelo? Que fado mudável me negou à escravidão tirana, e me trouxe a ver-te, para experimentar um desconto dos alívios, que me deste, o trabalho mais sensível em o golpe cruel da tua falta? Imprimam-se meus tristes lábios nesta nevada, e generosa mão, prêmio bem merecido, por te não haverem nunca, lisonjeado.