Página:Aventuras de Diofanes.djvu/64

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fatigados só para descansarem; e cantando em seu trabalho, esperavam a precursora do Sol, sem que lhes ficasse tempo para as murmurações, ou inquietações dos vizinhos, e com saudosas lágrimas lhe disse:

Eu sou obrigado, ó filhos, a deixar-vos, indo viver onde uns se alimentam do mal de outros; e já que os Céus vos têm mimosos, conservando-os felizmente neste amável sossego, aumentai para glória do meu trabalho o bom exemplo, com que vos hei dito, que os pais deveis persuadir os filhos e bem obrar: fazer que se não esqueçam do que lhes ensinei; e que uns admitam os outros em se aplicarem ao que lhes pedir a inclinação; e que os outros continuem seus trabalhos, temam o ócio, e todos exercitem as virtudes. Rogai aos Deuses que não me neguem as luzes, com que se amam os inimigos; que possa defender os amigos, amparar a pobreza, e tolerar os contratempos.

Logo que cheguei à Corte, fui à presença de Anfiarau, que com muitas honras me recebeu; e perguntando-me donde era, lhe respondi: Não podereis dizer-vos, se sou da grande Tebas, nem da Licaônia, nem da famosa Atenas, como respondeu um grande Tebano; e como ao sacerdote Arquitas vos respondo, que não sou de Tebas, como Tesifonte,