As canoas puseram-se em movimento, remadas com vigor.
Perto de Boissucanga avistaram-se entre duas ilhas as primeiras canoas contrarias.
— "Lá estão os inimigos tupiniquins ! exclamaram os tupinambás. Bem o disse o nosso francês !"
Aquelas canoas, porém, logo que perceberam as dos tupinambás, trataram de fugir. Os tupinambás deram força aos remos e perseguiram-nas durante quatro horas, até alcançá-las.
Eram apenas cinco, todas da Bertioga. Hans reconheceu-as. Numa estavam seis mamelucos, entre os quais dois irmãos Braga Domingos e Diogo. Estes homens resistiram heroicamente, um manejando o arco, outro a zarabatana.
— Que é zarabatana, vóvó? indagou Pedrinho.
— E' uma arma muito interessante, de uso na caça de animais pequenos. Consiste num tubo dentro do qual se oculta uma seta muito fina, de ponta envenenada. O atirador lança tal seta por meio de um sopro forte. A seta fere de leve e mata pelo veneno.
— Interessante ! exclamou Pedrinho. Vou fazer uma.
— E onde arranja o sopro forte? objetou a menina. Para isso é preciso folego de indio...
Dona Benta deu-lhe razão e continuou:
— Domingos, Diogo e seus companheiros resistiram com extrema bravura durante duas horas. Resistiram a trinta canoas ! Afinal as suas flechas esgotaram-se ! Os tupinambás, então, deram-lhes em cima, capturando a uns e matando a outros.