Página:Aventuras de Hans Staden (6ª edição).pdf/24

Wikisource, a biblioteca livre
18
MONTEIRO LOBATO

— E' o equador, meu filho. Já esqueceu a sua lição de cosmografia?

Chegados ao equador houve um periodo de calma, isto é, sem brisas, de modo que os navios ficaram parados sobre as ondas, com grande padecimento dos marinheiros, em vista do calor sufocante.

Ás vezes trovejava e caiam chuvas violentas; mas a calmaria sobrevinha de novo, enchendo de pavor a pobre maruja, porque o prolongamento daquela situação poderia trazer a todos o mais triste dos fins.

Certa noite de chuva apareceram no costado dos navios muitas luzes mortas, coisa que Staden não tinha visto ainda. Onde batiam as vagas ficava a brilhar uma luz azul. Os marinheiros alegraram-se com o fenomeno, a que chamavam santelmo e diziam ser sinal de bom tempo.

Assim foi. Quando raiou o dia principiou a soprar um vento favoravel, que permitiu ás naus prosseguirem na viagem.

A 28 de janeiro (isso no ano de 1548) avistaram uma ponta de terra, que Hans soube ser o cabo de Santo Agostinho. Mais oito milhas de marcha e finalmente atingiram o porto de Olinda, depois de oitenta e oito dias de mar.

— Pare um pouco, vóvó, pediu a menina. Quero dar um pulo lá dentro para trazer a Emilia. A coitadinha gosta tanto de ouvir historias...