III
A VOLTA PARA LISBOA
SAINDO do porto de Olinda, que os indigenas chamavam Marim [1], as naus velejaram quarenta milhas ao norte, em demanda da terra dos potiguaras.
— Que terra era essa, vóvó?
— Essa terra corresponde hoje ao estado da Paraíba. Havia lá muito pau-brasil, madeira com que os indios comerciavam.
— Um parentesis, vóvó, disse Pedrinho. Por que motivo naquele tempo lidavam tanto com o pau-brasil e hoje não se fala mais nele? Será que lhe acabaram com a casta?
— Não, Pedrinho. O que se deu foi que o carvão de pedra derrotou o pau-brasil.
Pedrinho arregalou os olhos.
— Naquele tempo extraía-se dessa madeira uma subtancia colorante, empregada na tinturaria, como tambem se extraía o carmin dum inseto chamado cochonilha. Com os progressos da quimica, porém, a industria descobriu meios de tirar do carvão de pedra as anilinas, isto é, as mães de todas as côres possiveis e imaginaveis. E como isto ficasse mais barato, desapareceu a industria do pau-brasil, da cochonilha, da garanca, do anil e de quanto vegetal era cultivado com fins de tinturaria.
- ↑ Povoado.