Página:Aventuras de Hans Staden (6ª edição).pdf/44

Wikisource, a biblioteca livre
38
MONTEIRO LOBATO

Santa Catarina. Esta noticia grandemente alegrou os espanhois, por ser aquele o porto que demandavam. Por curiosa coincidencia, haviam penetrado nele justamente no dia de Santa Catarina.

Os do bote acompanharam o barbaças até á aldeia de selvagens em que ele morava e onde foram muito bem recebidos.

Sentindo-se em terra hospitaleira, o capitão pediu ao barbaças que lhe arranjasse uma canoa de bons remadores, capaz de levar ao navio um mensageiro.

O mensageiro escolhido foi Hans Staden. Logo depois, quando aquela canoa misteriosa se avistou com o navio, houve a bordo grande alvoroço. Os tripulantes puseram-se em defesa, perguntando a Staden por que motivo vinha ele só no meio de tantos indios.

Hans calou-se e fingiu tristeza.

Aquela atitude embaraçou inda mais os do navio, que se puseram a murmurar que com certeza os tripulantes do bote haviam sido mortos e vinham os selvagens com o unico restante para armar-lhe alguma cilada. Firmaram-se nisso e fizeram menção de atirar contra a canoa.

Vendo mal parada a situação, Hans Staden principiou a rir-se e gritou-lhes de longe todas as boas noticias. Só então permitiram que a canoa abordasse o navio.

Hans subiu, mandou que os indios regressassem e deu as ordens do capitão. O navio levantou ferro e desceu pelo canal até ao sitio das cabanas, onde fundeou, com a ideia de permanecer ali até que chegassem as duas outras naus desgarradas.