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AVENTURAS DE HANS STADEN
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familiarmente falamos e que serve sobretudo as populações do interior do Brasil, é uma verdadeira mistura de português e tupi; tres quartos de português para um de tupi.

— E' verdade, vóvó, que a nossa lingua é a mais bonita e rica de todas?

— E' sim, minha filha, para nós; para os ingleses é a inglesa; para os franceses é a francesa, e assim por diante. Para os indios a mais bela está claro que seria a tupi.

— Que pena ser assim ! exclamou Narizinho.

— Pena por que, menina ?

— Porque então não ha uma primeira, de verdade.

— Tanto melhor. Sendo cada lingua a primeira para o povo que a fala, ha no mundo muito mais gente satisfeita do que se não fosse assim.


VIII

A CAPTURA DE HANS STADEN



HANS tinha consigo no forte um escravo carijó, que caçava para ele e o acompanhava em suas excursões.

Certo dia em que apareceu de visita ao forte um tal Heliodoro Hesse, gerente de um engenho de cana de S. Vicente, Hans, que na vespera mandara o carijó á caça, ficou apreensivo com a sua demora. Já passava de meio-dia e nada do indio aparecer. Como não fosse bom sinal aquilo, Hans se foi a procurá-lo.