Os convidados partiram em canoas, levando Hans consigo.
Em todas as cabanas as mulheres estavam ultimando o preparo do cauim, bebida indispensavel em tais festas.
Hans aproximou-se do prisioneiro maracajá e perguntou-lhe :
— “Estás pronto para morrer ?”
O índio olhou-o com indiferença e respondeu, muito calmo, a sorrir :
— “Sim, estou pronto para tudo. Mas nós maracajás possuimos melhores mussuranas”...
— Que é isso vóvô? perguntou Narizinho.
— São umas cordas que os indios preparavam especialmente para amarrar os prisioneiros no dia do sacrificio. Aquele maracajá sorria diante da morte e caçoava das mussuranas dos seus inimigos...
Hans Staden sentiu um grande dó do infeliz. Afastou-se e pôs-se a ler num livro de capa de couro, que os indios haviam trazido de um barco apanhado com o auxilio dos franceses.
— Que livro seria esse, vóvó ? indagou o menino.
— Não sei, meu filho : Hans esqueceu-se de transmitir à posteridade o nome dessa obra, talvez a primeira que veio a circular no Brasil...
Logo depois voltou Hans a falar com o maracajá, dizendo-lhe:
— “Eu tambem sou prisioneiro e moro em Ubatuba. Vim de lá trazido á força, mas não para ajudá-los a comerem da tua carne”.