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Página:Batalha de Oliveiros com Ferrabraz.pdf/23

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Disse o turco—cavalleiro,
Isso eu não hei de fazer
Sujeitarei-me morrer
No campo do desespero.
Tenho os louros de um guerreiro!
Brazão, honra, assim por deante,
Ainda que vá avante,
Isto assim nunca farei,
Não deixo a lei que adoptei
Por dez montes de brilhante.

Dizendo—Apollim me valha!
Se levantando cançado,
Inda dizia animado:
—Vamos dar fim a batalha!
A morte jamais me empalha,
A vida é como um segredo,
O mundo um cruél degredo
Onde um mysterio se encerra,
Golpe de espada na guerra
Jamais me metterá mêdo.

Oliveiros pôde ver
Quando estavam descançando,
Que elle estava desmaiando
E se arriscava a morrer.
Jamais podia viver
Devido ao seu mau estado.
Muitas feridas de lado
Era enorme a sangueira,
Das armas só a vizeira
Apenas tinha ficado.

Ainda se levantou,
Disse:—Sr. Oliveiros,
Esses são os derradeiros
Golpes que em guerra dou.
Oliveiros o esperou,
Mas não queria o matar;
Seu desejo era o salvar,
Não desejava mais nada
Pôz no réto sua espada
Apenas para constar.

Assim que Ferrabraz viu
Se ultimando sua vida,
Pôz a mão sobre a ferida
A Oliveiros pedio
Julga-se que o turco sentiu
Uma emoção tanto ou quanto
Que disparou nesse pranto
Sentindo e tão maguado,
Como se fosse tocado
Do Divino Espirito Santo.