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Página:Brasileiras celebres (1862).djvu/148

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a irmã Germana, a qual, para satisfazer a devoção que tinha com a Santa Virgem, obteve do seu confessor a permissão de ir habitar a de serta capela, que coroava o píncaro da alta serra. Facilmente lhe concederam o que pedia, pois era voz geral, que a sua vida era puríssima, e o seu procedimento irrepreensível.

Nessa habitação tão terna, vivendo como um anacoreta, longe do comércio do mundo, tendo apenas uma irmã por companheira, cresceu a devoção de Germana, e votou-se a todas as abnegações das grandezas deste mundo; quis jejuar às sextas-feiras e aos sábados: ao princípio impediram-lho, porém ela declarou que lhe era inteiramente impossível tomar qualquer refeição durante esses dois dias, e dali em diante os passou na mais completa abstinência.

Meditando um dia sobre os mistérios da Paixão, entrou Germana num como êxtase; seus braços se abriram, formando com o seu corpo uma cruz, tendo os pés igualmente cruzados, e se conservou nesta postura pelo espaço de quarenta e oito horas; desde então se renovou o fenômeno semelhante, sem a mais pequena interrupção; começando sempre na noite de quinta para sexta-feira até a noite de sábado para domingo, sem que fizesse o menor movimento, sem que proferisse uma única palavra, e sem que tomasse o mínimo alimento. Espalhou-se a notícia, e os habitantes de ambos os sexos e de todas as condições e idades vieram das circunvizinhanças