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Página:Brasileiras celebres (1862).djvu/168

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À sombra das grandes árvores crescem as tímidas violetas, perfumando os ares com os eflúvios que se destacam de suas florinhas, são elas o símbolo da verdadeira modéstia, assim, depois do nome do nobre marquês de Maricá, vem a lembrança o nome de dona Grácia Hermelinda da Cunha Matos, a quem as senhoras brasileiras são devedoras de um livro de sentenças.

O general Raimundo José da Cunha Matos, seu ilustre pai, desvelara-se na sua educação; abrilhantou-lhe o espírito com a luz da instrução, e os seus desvelos e os seus cuidados foram recompensados da parte de sua filha pelas suas aplicações dadas à árdua, mas bela tarefa da inteligência; e bem depressa colheu ele o fruto dos seus esforços, e achou na filosofinha, como a chamavam, um auxiliar dedicado, que assaz prestou-se aos seus estudos favoritos; foi ela a sua secretária, e tomou não pequena parte na colaboração das suas eruditas memórias.

Nas suas Sentenças mostra-se dona Grácia Hermelinda digna discípula do Marquês de Maricá; não tinha, como ele, um teatro tão vasto, nem aquela cabeça, que pensava sempre, como dizia o Sr. Magalhães, nem mesmo a instrução e erudição do La Rochefoucauld brasileiro; mas ainda assim o seu gênio contemplativo estudava no seu pequeno círculo, e a experiência, ainda em tão verdes anos,