Quando terrível mal, que já sofria.
Me tornou para sempre desgraçada.
De ver o céu e o sol sendo privada,
Cresceu a par de mim a mágoa ímpia;
Desde então a mortal melancolia
Se viu em meu semblante debuxada!
Sensível coração deu-me a natura,
E a fortuna, cruel sempre comigo,
Me negou toda o sorte de ventura.
Nem sequer um prazer breve consigo;
Só para terminar minha amargura
Me aguarda o triste, sepulcral jazigo!
Esse refrigério porém, que deu a natureza com a inspiração e talento poético, era como que um prazer doce e amargo, pois ao passo que lhe suavizava as mágoas, lhe trazia novos pesares. A sua imaginação ardente e fantástica sentia, julgava e exagerava todo o peso da calamidade, que lhe sobreviera na aurora da existência. No meio de seus vôos abatiam-se-lhe as asas, e o espírito assaltado pela idéia de sua desgraça, caía como que no mais profundo abatimento, à semelhança da ave, que fendendo os ares, tomba ferida pela seta despedida pelo índio caçador. Como inspirar-se das cenas maravilhosas, privada da vista? Como encarar os céus dos trópicos em toda a sua pompa e em toda a sua majestade, abrilhantados pelas suas constelações, sem a necessária Lua para vê-los? Como gozar dessas florestas, império da