Neste tormentoso mar
De ondas de contradições
Ninguém soletre feições,
Que sempre se há de enganar
De caras a corações
Há muitas léguas que andar.
Aplicai a conversar
Todos os cinco sentidos,
Que as paredes têm ouvidos
E também podem falar;
Há bichinhos escondidos
Que só vivem de escutar.
Quem quer males evitar
Evite-lhe a ocasião,
Que os males por si virão
Sem ninguém os procurar;
Antes que ronque o trovão
Manda a prudência ferrar.
Sempre vos deveis guiar
Pelos antigos conselhos,
Que dizem que ratos velhos
Não há modo de os caçar;
Não batais ferros vermelhos,
Deixai um pouco esfriar.
Se vos mandarem chamar
Para ver uma função,6
Respondei sempre que não,
Que tendes em que cuidar:
Assim que entende o rifão:
Quem está bem, deixe-se estar.
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