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III

E vós, Príncipe excelso, do Céu dado
Para base imortal do luso trono;
Vós, que do áureo Brasil no principado
Da real sucessão sois alto abono;
Enquanto o império tendes descansado
Sobre o seio da paz com doce sono,
Não queirais designar-vos no meu metro
De pôr os olhos e admiti-lo ao cetro.

IV

Nele vereis nações desconhecidas,
Que em meio dos sertões a fé não doma
E que puderam ser-vos convertidas
Maior império que houve em Grécia ou Roma!
Gentes vereis e terras escondidas,
Onde, se um raio da verdade assoma,
Amansando-as, tereis na turba imensa,
Outro reino maior que a Europa extensa.

V

Devora-se a infeliz, mísera gente;
E, sempre reduzida a menos terra,
Virá toda a extinguir-se, infelizmente,
Sendo, em campo menor, maior a guerra;
Olhai, senhor, com reflexão clemente
Para tantos mortais, que a brenha encerra,
E que, livrando desse abismo fundo,
Vireis a ser monarca de outro mundo.