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XLV

Distingue-se entre as mais na forma e gosto
Pendente de alto ramo o coco duro,
Que em grande casca no exterior composto,
Enche o vaso interior de um licor puro;
Licor que, à competência sendo posto,
Do antigo néctar fora o nome escuro;
Dentro tem carne branca como a amêndoa,
Que a alguns enfermos foi vital, comendo-a.

XLVI

Não são menos que as outras saborosas
As várias frutas do Brasil campestres:
Com gala de ouro e púrpura vistosas,
Brilha a mangaba e os mocuiés silvestres;
Os mamões, morieis, e outras famosas,
De que os rudes cabelos foram mestres,
Que ensinaram os nomes, que, se estilam,
Janipo e caju vinhos distilam.

XLVII

Nas preciosas árvores se conta
O cacau, droga em Espanha tão comua,
Pouco na altura mais que arbusto monta,
E rende novo fruto em cada lua;
A baunilha nos cipós desponta,
Que tem no chocolate a parte sua,
Nasce em bainhas, como paus de lacre,
De um suco oleoso, grato o cheiro e acre.