Não ha nada tão illusorio como a extensão de uma celebridade; parece ás vezes que uma reputação chega até aos confins de um reino — quando na realidade ella escassamente passa das ultimas casas de um bairro.
No momento de sua prodigiosa voga, o velho Alexandre Dumas ficou assombrado de que o magistrado de uma villa visinha de Paris, homem illustrado, de resto, não soubesse com que letras se escrevia esse glorioso nome de Dumas!
E se nós pudessemos reduzir a numeros as proporções das glorias contemporaneas, ficariamos aterrados perante a grotesca mesquinhez dos resultados. Nós outros jornalistas, criticos, artistas, homens de estudo e de curiosidade litteraria, julgamos quasi impossivel que haja alguem na Europa que não tenha lido Victor Hugo, ou que, pelo menos, não conheça esse nome de syllabas faceis, que ha meio seculo fere, a grande estrondo, o ouvido humano; pois bem, póde-se dizer que fóra de França apenas cinco mil pessoas talvez terão lido Victor Hugo — e que não passará decerto de dez mil o numero de creaturas que lhe saibam o nome, incluindo mesmo a vasta massa democratica de que elle é o epico official. E já isto constitue um famoso progresso — desde o tempo em que Voltaire ambicionava ter cem leitores!
A conhecida alegoria da fama, cantando o nome