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Página:Cartas de Inglaterra (Eça de Queirós, 1905).djvu/226

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CARTAS DE INGLATERRA
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para fazer produzir a natureza é dos estrangeiros: os naturaes limitam-se a invejal-os, a detestal-os por os verem utilisar opportunidades que elles mesmo não se quizeram baixar a usar!» Isto é cruel: não sei se é justo: mas entre estas linhas palpita todo o rancor de um inglez possuidor de maus titulos peruanos. «E se o nosso correspondente (continua o artigo) offerece de alto o Brazil á nossa admiração, não é em absoluto, é relativamente, em contraste com os paizes que quasi o egualam em vantagens materiaes, como o Perú e o Rio da Prata, mas onde a discordia intestina devora e destroe todo o progresso nascido da actividade estrangeira. O Brazil é portuguez e não hespanhol: e isto explica tudo. O seu sangue europeu vem d’aquella parte da Peninsula Iberica em que a tradicção é a da liberdade triumphante, e nunca supprimida.» O Times aqui abandona-se com excesso ás exigencias rythmicas da phrase: parece imaginar que desde a batalha de Ourique temos vindo caminhando n’uma larga e luminosa estrada de ininterrompida democracia!...

Mas, emfim, continúa: «Quando o Brazil quebrou os seus laços coloniaes não tinha a esquecer feias memorias de tyrannia e rapacidade; nem teve de supprimir genericamente todos os vestigios de um máu passado.» Com effeito; pobres de nós! nunca