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Página:Cartas de Inglaterra (Eça de Queirós, 1905).djvu/249

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CARTAS DE INGLATERRA

Insisto n’isto, para tornar mais vivo o horror da facecia.

Ha semanas Sir William Harcourt, o ministro do interior, fez um discurso em Manchester, discurso consideravel, muito annunciado, muito esperado, tocando todas as questões que inquietam agora a Inglaterra, a anarchia da Irlanda, o tratado de commercio com a França, a intervenção no Egypto, a criação do Governo Municipal de Londres, outras coisas graves ainda.

Esta arenga, tachygraphada pelo pessoal do Times em Manchester, telegraphada para os escriptorios do Times em Londres, foi composta, lida pelos revisores, revista pelo secretario de Sir William Harcourt, verificada, comprovada, relida ainda, e, emfim definitivamente installada na sua pagina... E aqui se colloca a facecia.

Mas é necessario primeiro, para maior indignação e maior goso, conhecer Sir William Harcourt. De todos os membros do ministerio Gladstone, Sir William é o mais austero. Já a sua apparencia intimida: grosso, membrudo, de hombros compactos, com a face imperiosa, pallida, rapada, Sir William tem as linhas solemnes e marmoreas do busto de um Cesar.

E dentro d’esta fórma romana habita um espirito rigido de doutrinario: liberal (em comparação