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CARTAS DE INGLATERRA

se diz agora, recolhe dos parques e palacios do campo aos seus palacetes e jardinetes de Londres — passa-se em abril, junho e julho, verdade seja. Mas essa é uma vã e ôca estação de trapos, de luvas de vinte botões, de lacaios, de champagne, de batota e de cotillon. Emquanto que as outras!...

Olhem-me para estas sabias, uteis, viris, solemnes seasons, que abundam n’estes dourados mezes de setembro e outubro. Isto sim! Aqui temos, por exemplo, a Congress-Season, a estação dos congressos.

Que espectaculo! Toda a verde superficie da Inglaterra está então, de norte a sul, salpicada de manchas negras. São congressos em deliberação. Ha-os de metaphysicos e ha-os de cosinheiros.

Aqui, duzentos individuos carrancudos e descontentes elaboram uma nova ordem social; além, uma multidão de sabios, acocorados, semanas inteiras, em torno de um objecto escuro, não pódem chegar á conclusão se é um tijolo vilmente recente ou uma laje da camara nupcial da rainha Ginevra; e adiante cavalheiros anafados e luzidios assentam a doutrina definitiva da engorda do leitão — esse amor!

Os congressos mais notaveis este anno fôram — o de medicina em Londres, a que assistiram mil e tresentos congressistas medicos e cirurgiões dos dois mundos e dos dois sexos, e onde se prometteu