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CARTAS DE INGLATERRA

dos... emfim, centenares. Até o dos Browninguistas. Não sabem o que são os Browninguistas? Uma vasta associação, tendo por fim estudar, commentar, interpretar, venerar, propagar, illustrar, divinisar as obras do poeta Browning. Isto, mesmo n’este paiz de arrebatados enthusiasmos intellectuais, me parece um pouco forte. Browning é sem duvida, com Shelley, Shakspeare e Milton, um dos quatro principes da poesia ingleza: mas tem o inconveniente de estar vivo. Elle proprio assiste, materialmente, com o seu paletot e o seu guarda chuva, ao congresso de que é objecto espiritual e assumpto: e fatalmente, pelo effeito mesmo da sua presença, a admiração litteraria tende a tornar-se idolatria pessoal, e os shake hands que elle distribue começam naturalmente a ser mais apreciados no congresso que os poemas que elle escreveu. Por isso mesmo que o divinisam, o amesquinham: não é então o grande poeta de Inglaterra, é o idolo particular dos Browninguistas, deixa assim de ser um espirito fallando a espiritos — para ser apenas um manipanso aterrorizando supersticiosos.

Mas, continuando com as estações, temos ainda a Yachting-Season, a estação nautica, das regatas, das viagens em yacht. Hoje em Inglaterra ter um yacht é, como entre nós montar carruagens, o primeiro dever social do rico ou do enriquecido, uma das fórmas mais triviaes do conforto luxuoso. Um yacht não é só