possue tambem uma litteratura infantil tão rica e util como a de Inglaterra: mas essa Portugal não a importa: livros para completar a mobilia, sim; para educar o espirito, não.
A Belgica, a Hollanda, a Allemanha, prodigalisam estes livros para creanças; na Dinamarca, na Suecia, elles são uma gloria da litteratura e uma das riquezas do mercado.
Em Portugal, nada.
Eu ás vezes pergunto a mim mesmo o que é que em Portugal lêem as pobres creanças. Creio que se lhes dá Filinto Elysio, Garção, ou outro qualquer desses mazorros sensaborões, quando os infelizes mostram inclinação pela leitura.
Isto é tanto mais atroz quanto a creança portuguesa é excessivamente viva, intelligente e imaginativa. Em geral, nós outros, os portuguezes, só começamos a ser idiotas — quando chegamos á edade da razão. Em pequenos, temos todos uma pontinha de genio: e estou certo que se existisse uma litteratura infantil como a da Suecia ou da Hollanda, para citar só paises tão pequenos como o nosso, erguer-se-hia consideravelmente entre nós o nivel intellectual.
Em logar d’isso, apenas a luz do entendimento se abre aos nossos filhos, sepultamol-a sob grossas camadas de latim! Depois do latim accumulamos a