Que digo eu? Já recebeu. Apenas se soube a resposta do ministerio, um bando de mancebos, em Leipzig, que se poderiam tomar por frades dominicanos mas que eram apenas philosophos estudantes, andaram expulsando os judeus das cervejarias, arrancando-lhes assim o direito individual mais caro e mais sagrado ao allemão: o direito á cerveja!
Mas d’onde provem este odio ao judeu? A Allemanha não quer, de certo, começar de novo a vingar o sangue precioso de Jesus. Ha já tanto tempo que essas cousas dolorosas se passaram!... A humanidade christã está velha e, portanto, indulgente: em desoito seculos esquece a affronta mais funda. E infelizmente hoje já ninguem, ao lêr os episodios da Paixão, arranca furiosamente da espada, como Clovis, gritando, com a face em pranto:
— Ah, infames! Não estar eu lá com os meus Francos!
Além d’isso, este movimento é organizado pela burguezia, e as classes conservadoras da Allemanha são muito juridicas, para não approvarem, no segredo do seu pensamento, o supplicio de Jesus. Dada uma sociedade antiga e prospera, com a sua religião official, a sua moral official, a sua litteratura official, o seu sacerdocio, o seu regimen de propriedade, a sua aristocracia e o seu commercio — que se ha-de fazer a um inspirado, a um revolucionario, que apparece