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PREFÁCIO BIOGRÁFICO
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Brázia de Vilhena, [1] filha e herdeira de D. Luis da Silveira, conde da Sortelha.

Ao segundo ano de casado, o conde veio no conhecimento de que os tios não são os melhores maridos das sobrinhas, ou as sobrinhas não amam tanto quanto respeitam os tios. A denúncia dos desvios conjugais da condessa foi-lhe feita pelo seu pagem Francisco Cardoso. O conde fez recolher a espôsa ao mosteiro de Santa Ana, onde saudades e desprezos a mataram, após dois anos de rigorosa reclusão.

Casou o conde, em segundas núpcias, com D. Guiomar da Silva, filha de D. Francisco de Faro, conde de Odemira, e de D. Mariana da Silveira.

Esta, bem que não fôsse sobrinha do marido, resvalou da inteireza dos bons costumes da casa brigantina


  1. Ao aproveitar a preciosa notícia das Linhagens compiladas por Cabedo e Monte Castelo-Branco, Camilo seguiu as interpolações na sucessão das três Condessas de Vila Nova ; começa pela segunda, errando-lhe o nome D. Brázia de Vilhena, casada depois do regresso do tio a Portugal, de Castela, onde estivera refugiado, em 1640. Passa para a primeira espôsa D. Guiomar da Silva, envenenada por D. Gregório, pelo que fugira para Espanha ; e dá a terceira espôsa D. Mariana de Alencastre, que casára depois de 1650 e que sobreviveu ao Conde de Vila Nova falecido em 1662, convolando ela a segundas núpcias, Camilo veio a conhecer êste último facto na Boémia do Espírito, mas continuando a considerar esta terceira Condessa, que também se chamou Condessa de Figueiró, o motivo da rivalidade de D. João IV com D. Francisco Manuel de Melo, exercendo sôbre êle a vingança do prepotente.

    Assim Camilo, depois do envenenamento de D. Guiomar da Silva, põe às costas de D. Gregório mais o envenenamento de D. Mariana de Alencastre, que lhe sobreviveu matrimoniando-se outra vez.

    Prestage, não se entendendo no melo destas complicações inerentes aos facto que se tornam lendários, deixou intacto o problema capital da Vida de D. Francisco Manuel de Melo.