onze horas da noite no quarto do rapaz, sobre a cômoda.
— Olé! disse ele.
E, satisfeito com a intriga, principiou a fazer conjeturas.
— De quem viriam aquelas flores!... Ah! exclamou, descobrindo um bilhetinho, escondido entre duas rosas.
E leu:
"Não saibam nunca espíritos indiferentes, nem mesmo tu, adorado fantasista, quem te envia estas pobres flores. Não o procures descobrir; deixa que o meu segredo viceje e cresça na tepidez do mistério, à semelhança das plantas melancólicas que reverdecem nas sombras ignoradas dos rochedos. Eu te amo!"
— Seria de Amélia, seria de Lúcia, ou seria de Hortênsia?... De Nini é que não podia ser, porque a desgraçada, com certeza, não sabia escrever coisas daquela ordem!
Não dormiu essa noite; as palavras de ramilhete voejavam-lhe dentro da cabeça, como um bando de mariposas.
— De quem seria?... De Amélia não, não era de se supor; pois que a bonita menina, longe de o provocar, fugia sempre que ele por qualquer modo tentava abrir-se com ela em questões de amor; de Hortênsia também não, não era natural que fosse, porque, em tal caso, Mme. Brizard, ou qualquer outra pessoa de casa, teria visto o portador. Além disso, a mulher de Campos não seria capaz daquilo; estava caidinha — é certo! mas não levaria a leviandade ao ponto de escrever e enviar-lhe semelhante declaração. O que, porém, não sofria dúvida é que os ramos tinham a mesma procedência.
E Lúcia?... É verdade! E Lúcia? Com certeza não era de outra! Sim, tudo estava a dizer que o tal bilhetinho saíra