certas visitas... isso tem paciência... lá fora o que quiseres, mas, daquela porta para dentro..."
— Hipócritas! pluralizou o estudante.
E encaminhou-se para o segundo andar.
Subiu pela escadinha do fundo, não a do médico, mas pela outra do lado oposto; porque havia duas.
O primeiro andar continuava em completo silêncio; no segundo apenas se ouvia, de espaço a espaço, um tossir seco e agoniado, que vinha naturalmente do n.º 7, onde morava o tal moço doente. O pobre diabo piorava à falta absoluta de meios.
Amâncio entrou às apalpadelas no corredor que dividia os oito quartos. O luar filtrava-se a custo pelas venezianas e pelas vidraças da janela e sarapintava o chão de pequeninos pontos brancos.
O n.º 5, onde residia Paula Mendes com a mulher, era o único que tinha luz; uma forte claridade rebentava por cima da porta fechada e ia projetar-se na parede do n.º 10 que lhe ficava fronteiro. Mas ainda assim o corredor estava bem escuro.
Amâncio parou defronte do n.º 8. — Era ali!
Encostou o ouvido à fechadura; nem sinal de vida. — Lúcia com certeza dormia profundamente.
— Dormia! pensou o estudante. — Dormia, sem preocupações nem cuidados; ao passo que ele, por não encontrar descanso, errava pelos corredores desertos, como uma alma penada! — Para que então se lembrara aquela mulher de ir mexer com ele?!... Se a sua intenção era dormir, para que o foi provocar? para que lhe foi bulir com o sangue? Oh! aquele silêncio do n.º 8 o irritava! Aquela indiferença afigurava-se-lhe uma afronta