vai!... Estamos aqui a incomodar os outros... Anda vai!
— Os incomodados são os que se mudam! gritou ela.
— E é o que vou tratar de fazer amanhã mesmo! berrou o guarda-livros. — Estou farto! Quem trabalha durante o dia, precisa da noite para descansar! Arre!
— Não faça caso, senhor!... disse Mendes, e encaminhou-se para a porta.
Amâncio, assim que o sentiu aproximar-se, fugiu pé ante pé, com ligeireza.
Nesse momento, Campelo, o tal esquisitão do n.º 4, que até aí não dera sinal de si, levantou-se tranquilamente, tomou o seu clarinete, e começou por acinte, a tirar do instrumento as notas mais estranhas e atormentadoras que se podem imaginar. O guarda-livros respondeu-lhe batendo com a bengala nas paredes de tabique e berrando, como um doido, o Zé Pereira.
— Ai, meu Deus! ai, meu Deus! continuava a gemer arrastadamente o pobre sujeito do n.º 7.
Já pelas escadas, Amâncio ouviu as vozes do gentleman, do Melinho e de Lúcia, que acordaram espantados, e aos gritos reclamavam contra semelhante abuso.
No andar de baixo, Piloto, Dr. Tavares, Fontes e a mulher, abriam as portas dos competentes quartos para indagar que diabo queria aquilo dizer. Só o dorminhoco do Pereira não se deu por achado.
Amâncio já estava entre os lençóis, quando Coqueiro percorreu toda a casa, de robe de chambre e um castiçal na mão.