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Página:Casa de Pensão (1899).djvu/201

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"Em todo o caso, a idéia de que o senhor está aí, perto dele, e que, pelo que tem mostrado, é deveras nosso amigo, tranquiliza-nos em grande parte. Conto, pois, que olhará sempre por Amâncio. Tenha paciência, sei que o importuno com estas coisas, mas que hei de fazer? dizem tanto dessa Corte; falam de tal forma do clima e dos mil perigos a que aí está sujeita a mocidade, que, só a lembrança de uma tísica galopante ou de um desses desvios, uma dessas loucuras que às vezes acometem os rapazes e inutiliza-os para o resto da vida; uma dessas desgraças, Sr. Campos, que lhes sucedem facilmente quando eles não dispõem de um bom amigo que os encaminhe e aconselhe; só a lembrança de tudo isso, meu caro senhor, é o bastante para me tirar o sossego do espírito.

"Tenha a bondade, sempre que falar ao meu rapaz, de lembrar-lhe as obrigações e dizer-lhe com franqueza a responsabilidade que agora lhe assiste. Ele está se fazendo homem e precisa preparar futuro. Sirva-lhe de pai; acompanhe-o e proteja-o com o mesmo desvelo de que usou meu irmão para guiar a sua mocidade."

— Vê? disse Campos, abalado com as palavras do irmão de seu protetor. — São estes os desejos de seu pai; ao senhor compete agora, como bom filho, fazer-lhe o gosto, e dar-lhe a felicidade de que ele precisa para o resto da vida. O que estiver em minhas forças está à sua disposição; mas o senhor também deve fazer por si, já não é tão criança para não ver o que lhe fica bem e o que lhe fica mal! Enfim, tenho toda a confiança no senhor, seu Amâncio, e estou convencido de que não me desmentirá!

Amâncio, que até aí ouvia Campos em silêncio e com os olhos presos a um ponto, agradeceu-lhe muito aquele interesse e jurou que todo o seu empenho era