Logo pela manhã do dia seguinte, já Coqueiro se apresentava no quarto do provinciano, mas com o aspecto muito ressentido, os gestos duros, o olhar cheio de recriminações.
— Então, ontem à noite, tinhas aqui a Lúcia?... inquiriu de chofre, depois de cumprimentar Amâncio secamente.
O interrogado fez uma cara de espanto.
— Não podes negar! Eu a vi sair!...
— É exato, respondeu o doente, franzindo as sobrancelhas.
— Há, porém, de permitir que eu te diga que andaste muito mal!... repontou Coqueiro. — Tens de concordar que eu não posso, nem devo consentir em casa semelhante coisa!
E foi até a janela, olhou a rua pelas vidraças. Amâncio não dava uma palavra.
O outro voltou, muito comprometido:
— Isto aqui é uma casa de família! Sabes perfeitamente que temos conosco uma menina solteira — uma virgem! Não é por mim, nem por ti, nem tampouco pela Lúcia; mas é por ela, sebo! por — minha irmã! — a quem sirvo de pai! é por minha mulher, é por minha enteada e pelo menino, é pelos hóspedes enfim!...
— Pois acredita que não houve nada demais!... balbuciou Amâncio.
— Não, filho, tem paciência! Lá fora o que quiseres, mas daquela porta para dentro, não admito, nem posso admitir!... E passeando pelo quarto com as mãos nas algibeiras: — Que diabo! Eu te preveni!...
— Ora o quê! resmungou Amâncio, indignado com a hipocrisia do colega, mas sem coragem para dizer o que sabia a respeito dele e dos costumes da casa. — Não abro o exemplo!... acrescentou.