lhe as pernas e os olhos marejavam-se-lhe de lágrimas.
— Mas V. Exª. não disse que seu filho morava nas Laranjeiras?... perguntou o velho, compreendendo a perturbação de Ângela.
— Sim, foi para aí que ele me mandou dirigir as cartas... Tenho até aqui comigo o número da casa, mas, depois disso, já recebi a tal notícia da prisão, e...
— Bem, interrompeu o outro — o mais certo é irmos até lá. — Se não encontrarmos o rapaz, havemos de achar alguém que nos dê informações. É mais um instante! Eu ainda posso acompanhá-la; não tenho pressa; o melhor, porém, seria tomarmos um carro.
— Não, não! respondeu a senhora, sempre inquieta, a olhar para todos os lados, como se esperasse, por um acaso feliz, descobrir Amâncio, de um momento para outro.
Estavam já na Rua Direita. Ela, de repente, estacou e pôs-se a fitar a vidraça de um armarinho.
— Algum conhecido? perguntou o velho.
— Não. É que estes chapéus... tenha a bondade de ver se consegue ler aquele nome... eu, talvez me enganasse...
O velho leu distintamente "à Amâncio de Vasconcelos". — É o título! disse. — Eles agora batizam as mercadorias com os nomes que estão na moda. Algum tenor!
— É singular!... balbuciou a senhora.
— Por quê?
— É esse justamente o nome de meu filho.
— Oh! Não há só uma Maria no mundo!...
Mas D. Ângela fugira-lhe outra vez do braço para correr a uma nova vidraça. Eram agora bengalas e gravatas "à Amâncio de Vasconcelos"