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Página:Categorias - Aristóteles.pdf/37

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do, do que dizendo-se cabeça de hum animal; porque não he por ter cabeça, que he animal, pois ha muitos animaes que não tem cabeça.

Assim acontecendo não ter huma coisa nome analogico com o do seu correlato, o mais facil seria dar-lhe nome derivado deste com quem essa mesma coisa se acha em reciprocidade; como nos exemplos precedentes de asa ou ala, alado; de leme alemeado. De tudo o que se segue, que todos os correlatos se se enuncião com propriedade, são reciprocos entre si. Mas se cada hum se nomea ao acaso, e sem analogia com o seu correlato; não póde haver reciprocidade entre elles com propriedade.

Digo pois, que mesmo daquellas coisas, que são reciprocas entre si, e que tem nomes cognominados, desapparece a reciprocidade, se em vez de eu enunciar a qualidade correlata de huma dellas para com a outra, enuncio qualquer outra ao acaso. Exemplo; se querendo-se nomear o correlato de servo; em vez de senhor, se disser homem ou bipede, ou outra coisa semelhante; não poderá haver reciprocidade; porque se não apontoa a expressão apropriada. E portanto se deixando de parte tudo o que he accidental a hum dos correlatos, se expressar sómente o nome apropriado ao do outro correlato; sempre este se poderá affirmar daquelle. Por exemplo, tratando-se do servo relativamente a seu senhor, se deixando de parte tudo o que he accidental ao senhor (como o ser bipede, intelligente, homem) se chamar sómente senhor; sempre se poderá affirmar deste que outro he seu servo; por isso que o servo he servo do seu senhor.