CINCO MINUTOS
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Um raio de luz esclareceu de repente o meu espirito.
Estava desenganada.
O poder da sciencia, o olhar profundo, seguro, infallivel, d’esse homem, que lê no corpo humano como em um livro aberto, tinha visto em meu seio um atomo imperceptivel.
E esse atomo era o verme que devia destruir as fontes da vida, apezar dos meus dezeseis annos, apezar de minha organisação, apezar de minha belleza e dos meus sonhos de felicidade!»
Aqui terminava a primeira folha,
que eu acabei de ler entre as lagrimas
que me inundavam as faces e cahiam
sobre o papel.
Era este o segredo de sua estranha reserva; era a razão por que me fugia, por que se ócultava, por que ainda na vespera dizia que se tinha imposto o sacrificio de nunca ser amada por mim.