Mas que iriam fazer as outras, as velhas, as mães de família? Que iriam fazer esses bonecos de música desafinada, que durante decênios se estatelaram em cena, cantando como que a mesma coisa sempre? Como se alimentariam as pobres, agora, depois de uma vida inteira passada a dizer - "Nós somos, nós somos...", num coro vazio e lamentável, vestindo em cetins baratos todas as fantasias desde a de flor à de animal?
Oh! Era a reforma das coristas, reforma desoladora apenas para as reformadas, mas com um bando de recrutas, em que se sentia todo um exército feito por um sorteio indireto e lambanceiro.
O cake-walk acabava. Deixei o teatro, subi a Rua do Espírito Santo. Mais adiante outro buraco dramático. Enfiei, e oh! Deus do céu. Dei exatamente noutro escândalo da reforma.
No terraço, sob o riso dos carpinteiros e do pessoal barato, um tipo baixinho, magro, de calça larga e bigode torcido, espumava pragas contra uma menina de vestido curto, mal-ajambrada, ainda pouco limpa, com os olhos de animal e uma boca vermelha, uma boca sangrenta, uma boca que parecia um fruto. Já tinha mandado chamar o diretor, o tipo. Estava decidido.
- Mas o que é? - fiz, intervindo.