- Temos agora a princesa Verônica. Per dio! Quelle femme, mon petit!
Disse isso como um obséquio, endireitou o punho, recostou-se. Usava uma pulseira de pequenas opalas com fecho d'oiro. O barão sorrira novamente, endireitando os cravos da botoeira.
- Conhece a princesa Verônica?
- A princesa? Há de concordar, barão, que de certo tempo para cá, o Rio tem uma epidemia de titulares exóticas...
- Que quer? É a civilização. E quase todas mais ou menos autenticas! São as titulares de Bizâncio, meu caro. Consulte os programas dos casinos e as notas dos jornalecos livres. Há princesas valacas, príncipes magiares, condessas italianas, marquesas húngaras, duquesas descendentes de Coligny, fidalgas do Papa - a marquesa de Castellane, a princesa russa, a condessa de Bragança, a princesa Tolomei, Gladys Wright, mulher de um lorde, a princesa Thrasny, todas com um título que lhes doura a arte e a renda. O Rio não seria cosmopolita se não as tivesse. A grande preocupação dessas admiráveis criaturas é convencer os amigos com documentos fartos de que são mesmo descendentes de famílias ilustres, e a sociedade fica convencida porque isso satisfaz a sua imensa vaidade. Nós estamos exatamente como na corte de Justiniano, em que Teodora, dançarina de circo, era imperatriz. E isso é prodigiosamente agradável