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XIII

Por si sós esses factos provariam antes a nossa decadência, que o progresso litterario do Brazil. E’ um mancebo vigoroso que derriba um velho cachetico, demente e paralitico. O que completa, porem, a prova é o exame não comparativo, mas absoluto, de algumas das modernas publicações brazileiras.

Os Primeiros Cantos são um bello livro; são inspirações de um grande poeta. A terra de Sancta Cruz que já conta outros no seu seio, pode abençoar mais um illustre filho.

O auctor, não o conhecemos; mas deve ser muito jovem. Tem os defeitos do escriptor ainda pouco amestrado pela experiencia: imperfeições de lingua, de metrificação, de estylo. Que importa? O tempo apagará essas maculas, e ficarão as nobres inspirações estampadas nas paginas deste formoso livro.

Quizeramos que as Poesias Americanas que são como o portico do edifício occupassem nelle maior espaço. Nos poetas transatlanticos ha por via de regra demasiadas reminiscências da Europa. Esse Novo Mundo que deu tanta poesia a Saint-Pierre e a Chateaubriand é assaz rico para inspirar e nutrir os poetas que crescerem à sombra das suas selvas primitivas.

Como argumento disso, como exemplo da verdadeira poesia nacional do Brazil citarei aqui dous trechos das Poesias Americanas: o Canto do Guerreiro e um fragmento Morro do Allecrim.

(Aqui vem transcripta por inteiro a poesia intitulada « O canto do Guerreiro » (pag. 4) e as ultimas estrophes do « Morro do Alecrim ».)

Abstendo-me de outras citações, que occupariam demasiado espaço, não posso resistir a tentação de transcrever das Poesias Diversas uma das mais mimosas composições lyricas, que tenho lido na minha vida.

(Aqui vem transcripta a poesia intitulada « Seos olhos » Veja-se pag. 32.)

Se estas poucas linhas, escriptas de abundancia de coração, passarem os mares, receba o auctor dos Primeiros