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XVI.

Dóe-te de mim, que t’imploro
Perdão, a teos pés curvado;
Perdão!.. de não ter ousado
Viver contente e feliz!
Perdão da minha miseria,
Da dôr que me rala o peito,
E se do mal que te hei feito,
Tambem do mal que me fiz!

XVII.

Adeos q’eu parto, senhora;
Negou-me a fado inimigo
Passar a vida comtigo,
Ter sepultura entre os meos:
Negou-me nesta hora oxtrema,
Por extrema despedida,
Ouvir-te a voz commovida
Soluçar um breve Adeos!

XVIII.

Lerás porém algum dia
Meos versos, d’alma arrancados,
D’amargo pranto banhados,
Com sangue escriptos, — e então
Confio que te commovas,
Que a minha dôr te apiade,
Que chores, não de saudade,
Nem de amor, — de compaixão.