que vira em casa das duas filhas d'um dos seus validos. No fim do banquete o rei mandou vir para a mesa uma salva de prata que estava n'uma outra sala. A salva trazia a caixa de prata, a espada e a banda. As duas irmãs e os dois officiaes, ao vêrem os objectos que n'aquella noite passada lhe haviam sido roubados de casa, ficáram muito assustados, não dizendo nem uma palavra, porque conheciam o mal que tinham feito. A outra menina, como era virtuosa, não tinha medo de fallar, e assim que viu a caixa, pegou-lhe e sorrindo olhou para o rei, dizendo:
«Ah! estranjeirinha, estranjeirinha!
«Que esta caixa era minha!…»
e o rei repondeu-lhe:
«Pois se a caixinha era vossa,
«Pela virtude sereis rainha!
Dando esta lição ás outras duas meninas, fez com que casassem com os dois officiaes.
(Lisboa, d'uma pessoa de Almeida, Beira-Baixa).
Moravam n’uma aldea dois compadres. Um era pobre e o outro rico, mas muito miseravel. N’aquella terra era uso, todos quantos matavam porco dar um lombo ao